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Barriga Mendinha

Barriga Mendinha

15.05.15

Depois de 11 dias sem eles, voltar foi assim...

Barriga Mendinha

Ainda me faltam dois posts acerca da viagem-maravilha, mas antes de os lançar, apetece-me hoje(aliás é algo tão visceral que preciso falar disso), contar-vos acerca dos sentimentos do reencontro e no fundo também dos da ausência.

 

Estive 11 dias fora. E com isto, claro que, para além das fotos alegres e coloridas que tenho andado aqui a postar... este tempo mexeu comigo. E presumo que também com eles, com os meus filhos. Foi a primeira vez que me ausentei por tanto tempo, mas no fundo acho que o impacto que teve neles também se atenuou, devido ao fato de eles serem muito independentes e passarem temporadas, um com o pai desde sempre e a outra também com o pai e avós, quando eu pontualmente ando a trabalhar por aqui ou por ali naqueles fins de semana maratonistas a "fazer piscinas" pelo país a fazer eventos e gigs (para quem não conhece, é a gíria dos djs para concertos ou espetáculos). Pronto, até me sinto, com isso menos "culpabilizada", vá lá...

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Há mães, amigas ou conhecidas que me dizem que em 3, 4, 5 anos da criança, nunca ela (por falta de apoio familiar ou por opção própria) nunca os seus filhos dormiram fora de casa ou longe delas. Eu acho que isso é um exagero e que os torna "mother-dependentes" em demasia, mas cada um sabe de si e dos seus. Eu sei... é que tive muitas saudades. Mas soube geri-las bem, até... E acho que é esse o meio termo de que quero aqui falar.

 

Sim, enquanto por "lá" andei, pensava umas 10 vezes ao dia se teriam dormido bem, ido à escola, comido como deve ser, se andariam a fazer birras, a quem se estariam apegar, nesta minha ausência (ai, os ciúmes de mãe.... ;))... mas depois acreditava que as más noticias correm depressa e como quase todos os dias falava com um ou com o outro (que muitas vezes nem queriam falar, só grunhir, cantar ou refilar, claro!!)... E pronto, lá seguia eu... rumo a uma mulher mais feliz, a ver os meus rios, as conhecer as minha pessoas, a viver as minhas cidades, a comer os meus petiscos. Aquilo que as pessoas, fazem, no fundo,  geralmente nas férias. 

 

E assim foi correndo... até... bem... acho que até 2 dias antes de chegar. Dizem que o final custa sempre mais e custa sim, nem vos digo nada. Saia eu de Praga, rumo a Berlim, uma cidade de queria conhecer há anos, saia eu, num misto de ansiedade para chegar à dita cuja e vontade que o fim de semana passasse rápido para voltar a "aterrar" não só na minha terra (se bom viajar mas voltar sabe tão bem...) , mas mais ainda na minha família. Estranho o ser humano... eu que consegui, durante uma semana inteira controlar esses ímpetos de mãe galinha, obsessiva e preocupada, andei a contar os minutos cá de mim para mim... para que o fim de semana passasse e a verdade é que acho que por isso não me apaixonei assim tanto por Berlim como poderia ter apaixonado, se estivesse "liberta" destas lamechices maternais... (pronto, lá terei eu que lá voltar um dia destes ;))

 

Cheguei. Finalmente. 2a feira, pelas 15 horas. O Hugo foi-me apanhar, fui a casa deixar as coisas e dar uns "miminhos" ao rapaz, porque sim, quando se têm dois filhos super absorventes, temos que encontrar assim o nosso espaço entre horas de apanhar e levar as criancinhas e dar banhos e aturaebirras, se é que me percebem lol... Falta de privacidade é sinónimo de amar os filhos e compreender as suas exigências, nesta sua fase inicial de vida, não concordam? Mas os pais também têm necessidades anyway ;) Pois bem... depois de ... hummmm... ir tomar duche a casa, ele voltou ao trabalho e eu.. corri, ou antes, acelarei para eles. Primeiro segui para apanhar o Afonso na escolinha dele, depois a Matita.

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Ia nervosa. Agora sim, começava a sentir que o peso da ausência, podia tê-los perturbado realmente, sabia lá eu. Principalmente a Matide Estrela, que ao compreender ainda pouco do que lhe explicámos (avião- vrummm- mãe- até já- viagem... e tal e tal..:)), podia revoltar-se com o fato de eu não ter estado por cá "tanto" tempo...E pronto... ia com tanto nervoso miúdinho que parecia mais que ia para um encontro amoroso.

 

E pronto... fato consumado. Vamos lá, avançar para os reencontros e rezar para que corra tudo bem e eles não estejam armados em "putos destabilizados":

 

Abre-se, então, a porta da sala de aula do primeiro... que me recebe bem, sim senhor.. mas como se me tivesse visto ontem. Na "boinha" mesmo. Estranhei, mas, claro, entrei na onda. Beijinhos e abracinhos, mas no fundo os que me dá diariamente. ok.. fiquei um pouco confusa mas deixei andar. Achei que era sinal de que estava tudo nos conformes. E estava. Seguimos ambos a falar das trivialidades da vida, do avião, da tia que está em Praga, dos "Invisimals", das comidas da escola... E lá fomos os dois, como sempre, buscar a mana, ao outro lado da avenida.

 

Subimos as escadas e a Matita Estrela, mal me viu, largou os seus importantes a fazeres (brincava de cozinheira a um canto).. correu para mim com o sorriso mais aberto do mundo e deu-me um xi-coração do tamanho do caminho da minha viagem pela Europa. E olhem que ainda foram muitos quilómetros... Não estava zangada afinal. Longe disso. Ufff... respirei fundo. Estava tudo ok.

 

Fomos os três para o carro e antes de ir para casa, decidi aproveitar o dia maravilhoso ( estavam 28 graus em Lisboa e eu vinha de 13... em Berlim..) e brincar com eles no parque. E foi aí que percebi que tinha voltado efetivamente a casa e aos meus filhos. Começaram as teimosias, as ciumeiras um do outro, as lutas por subir para o escorrega primeiro...o normal, portanto.

 

Observei-os um pouco mais de longe e agradeci ao Universo tê-los, mesmo com birras e afincas-pés, agradeci ter para quem voltar depois de conhecer um pouco mais do mundo, agredeci as olheiras que eles me dão (mesmo que refile tantas vezes delas) e as aprendizagens que me proporcionam ao ter que lidar com as partes "mais difíceis" de crianças saudávelmente insolentes.. sim, porque essas são as que nos fazem crescer. Agradeci, ter uma família linda e saudável. Agradeci à vida, as experiências tão diversas. Um dia viajante solitária de mochila às costas. No dia seguinte, Mãezona orgulhosa das suas crias.

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E pronto... nunca pensei que o (re) encaixe fosse tão rápido e natural. Mãe pensa demais é o que é. No mesmo dia voltámos ao banho de "piscina" ( banheira cheia de água e brinquedos para os dois e a mãe na coordenação possível da coisa), aos "dramas" do "quer-não quer" jantar, às dificuldades para os meter na cama.. e voltámos também às risadas, às brincadeiras, aos desenhos e histórias antes de dormir, às palhaçadas, à felicidade de cada evolução natural de cada um deles.. Ficaram entusiasmadíssimos ao ver os souvernirs e prendinhas que trouxe e... back to real life!!

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 Cheguei. Fui e vim. Eles são os mesmos, um pouco mais "pessoinhas" ( sim, não acreditam os pormenores que me pareceram diferentes com 11 dias "fora deles"). Eu... sou uma pessoa mais rica. E pronto, ok... muito mais cansada lol, assumo, porque me diverti à barda, nas férias, mas descansar que é bom... nada de nada, essa é que é essa. E a diferença de antes de ser mãe, é que agora não tenho 2 dias para dormir até recuperar os sonos. E então? Olha, e então, nada! É assim a vida. E a vida que gosto e quero e escolhi. Já estamos todos juntos. Já está tudo bem. E eu tenho mais uma viagem para a vida, na mala das memórias. Happy! Parece-me agora, já mais de longe, que tomei a opção certa e que... Quem volta de onde nunca saiu tem o seu lugar à sua espera para sempre. Obrigada meus filhos.