Meio - Meio... e o meu coração mínimo...
Ontem tive uma noitada a trabalhar e o Afonso ficou no pai, que acabou de mudar de casa... e de vida.
Estava um pouco preocupada, talvez o " sindrome-mãe-preocupada-com-o-que-aos-outros-não-afeta-nem-um-pinguinho "... mas a verdade é que, sendo ele filho de pais separados, a minha tentativa de lhe instaurar algumas rotinas base e de que as suas referências ( de casa, de familiares, de locais de conforto) sejam fixas.. é uma preocupação constante. Talvez até mais do que as de uma mãe que não tenha passado o primeiro ano da vida do seu baby um bocado em " bolandas", entre várias casas e em mais mãos do que eu própria desejava...
Agora que encontrei a estabilidade que tanto me agrada, o que mais desejo é passá-la também ao meu miúdaço. Preso-a mais que tudo...
Mas, sim, lá veio então, todo contente, por ter estado com o pai João e mais ainda por não ter ido à escola ( enfim, não concordo, por ter sido em cima da hora, mas também não espingardei... fa-lo-ei quando e se acontecer quando ele tiver tarefas escolares, agora ainda é-me ainda um pouco indiferente, a não ser, repito, devido à tal rotina que lhe gosto de manter ).
À chegada, entre a entrega dos Xaropes ( que já tinham ido para lá) e do filhote, disse-me "en passant" que gostava que para o ano o meu Piripiri fosse para uma escola mais perto dele..
- " a meio caminho tás a ver?!... é que queria estar mais tempo com ele..."
- " claro, temos que pensar, mas vê lá que tem que me dar jeito a mim, ele passa a semana aqui..."
- " Pois, mas queria que pensássemos em que ele ficasse metade-metade. Uma semana contigo, outra comigo "....
A esta altura, deixei de ouvir o que quer que fosse.. Fiquei num pânico absoluto e silencioso. Há muito que temia que este dia chegasse. E chegou.
Sei que pode (ainda) ser só conversa... E sei que é politicamente correto achar justa esta divisão de tempo do nosso filho, é o que me fica bem dizer acho... Sei que ele tem o direito de o querer. (E eu.. de o temer...).
Mas eu.. entrei em pânico.. Não sou cabeça, sou coração...
Não consigo imaginar o tempo de uma semana inteirinha sem o meu Anjo Caracolinhos a encher a casa de gargalhadas, asneiras, brinquedos e até canseira. Gosto de tudo o que vem dele... E não consigo imaginar-me a abdicar disso.
E a mana que agora nasceu? Também tenho e terei cada vez mais essa preocupação... Tê-lo semana sim semana não?? Como gerir tudo isso na cabecinha dela?
Bem.. tudo a seu tempo. Tudo no seu caminho e tudo a ser feito como deve ser.
ELE será SEMPRE o mais importante. ( E terei que me por a mim de lado para perceber o que ele sentirá com tudo isto ).
Mas digo-vos... a verdade nua e crua é que o meu coração hoje minguou com esta " ameaça iminente". Senti-me triste, ameaçada, momentaneamente impotente...
Será que alguma vez me adaptarei a essa ideia? Será que tudo se manterá igual? Será que esta conversa foi só algo no ar?...