29.06.12
Como te apresentarei o Mundo...
Barriga Mendinha
Vou tentar apresentar-te os seres humanos. Até porque tu vais ser um também. Já te se formam não só a cabeça, o tronco e os membros, mas também o coração - não só o que bombeia sangue mas o que sente, e também a cabeça – não só a que pensa mas a que discorre. Pelo menos assim o espero. Pelo menos esses serão o essencial dos essenciais a transmitir-te. E o resto virá por acréscimo. Sim, porque se essas premissas estiverem ambas presentes, acredito que tudo o resto fluirá como o leito de um rio em fundo macio.
A falar-te baixinho tão baixinho, quase como em segredo, sendo o único som o teclado do computador e a forma das letras que vão nascendo nesta conversa que agora inicio contigo. Tens tu agora poucos meses de vida, e daquela vida silenciosa, dentro de mim ainda, protegido/a do mundo cá fora. Quero te perceber ainda sem tu próprio/a perceberes o que quer que seja. Quero que me percebas tu a mim agora de forma instintiva, mais tarde, com a ajuda da rotina e ligação que entre nós vai crescer, mas porque não também através destas palavras que agora vou fazendo aparecer e que um dia mais tarde te podem vir a aproximar de mim e a perceber quem sou. E quem fui, enquanto te formavas Ser, menino/a, homem/mulher dentro e fora de mim.
Mostrar-te-ei que não há razão para temer os sentimentos. Os sorrisos ou as lágrimas. Os considerados bons e os apontados como maus. São eles que nos ensinam quem somos e são eles que nos hão-de ir direccionando para o nosso caminho. Esses, os que vivem assim, são os que tem coragem de ser quem são e isso, para mim é o mais maravilhoso acto e coragem nos dias que correm. Ser sempre o que esperam de nós, não só se torna a longo prazo muito enfadonho, como nos faz sentir uma estagnação no próprio pulsar da vida.
As lágrimas são o supremo sorriso. Quem não as entende é porque esconde a alma atrás dos olhos.
Vou-te apresentar as Artes que nos animam a existência, a música que nos embala, estimula, excita, acalma ou nos faz entrar em estado de transe e satisfação mental e espiritual plena. Vou-te apresentar o Planeta, que tão em risco nos vai apelando ao seu socorro e que todos devemos, mesmo com cerimónia, tratar por Tu. Vou-te apresentar as pessoas e as estratégias mais ou menos falhadas para que consigas sobreviver neste mar de gente sôfrega de sucesso, bem estar e egocentrismo. Vou tentar ajudar-te a encontrar o atalho de chegares às que seguem outro caminho. Vou torcer para que faças bons amigos e que aproveites todas as coisas boas da vida. E convivas bem com as más, que essas também existem para nos fazer crescer.
Vou-te deixar Ser mas também amparar e encaminhar. Vou ser Mãe. E tudo o que isso é. Sem se escrever, teorizar, perspectivar ou adivinhar. Ser Mãe é sentir. E toda eu... sou ramificações nervosas de ti e para ti. Toda eu sou Tu. E assim será até nasceres e "te fazeres à Vida".
Por: Rita Mendes ("A" mamã)
Por: Rita Mendes ("A" mamã)