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Barriga Mendinha

Barriga Mendinha

16.11.15

Sobre a ida dela para casa "do pai dele"...

Barriga Mendinha

Este fim de semana foi importante. E memorável na história da minha família.

 

Enquanto, lá fora, tristemente as desgraças afetavam a vida de centenas, aqui no nosso (ainda) cantinho, a mãe Rita foi trabalhar para o Norte. A vida "normal", dentro do "não tradicional" que é vida aqui desta nossa família Mendinha. Eu fui para Guimarães e meninos ficaram, como tantas vezes, por Lisboa.

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Como sabem, a minha vida é assim. Sem rotinas e com muitas saídas para fora. É a rotina, fora da rotina... e nós já nos habituamos assim a ela.  A diferença deste fim de semana foi... a "distribuição" das crianças. Normalmente, cada um fica no seu pai. Ou com as avós. O Afonso com o pai João, a Matita com o pai Hugo ou, quando assim não pode ser, ambos com a avó Clara, a minha mãe. Desta vez abrimos um precedente e um tão bom precedente. Um do qual me orgulho muito e que espero que seja a porta aberta para um futuro melhor, principalmente para eles, as crianças.

 

Neste caso não falo só das minhas. Acrescento uma ao "rol", passam a 3, nesta história, porque, talvez muitos/as de vocês não saibam mas o nosso Afonso Luz, tem um outro mano de 2 anos, do lado do pai... um mano, sobre o qual a Matita já começa a levantar muitas questões. Já pergunta por ele, quem é, onde está, em que escola anda, quem é a mãe...são perguntas normais de uma cabecinha inocente como a dela. E ultimamente, chorava quando via o irmão a entrar no carro do pai e ir com ambos embora. Nada de anormal, no entando... faz parte do desenvolvimento. Faz parte da história da nossa família. Faz parte das consequências das escolhas que eu, como mãe, fui fazendo, conscientemente para todos. Mas... há sempre um mas...

 

Mas a verdade é que eu ficava com pena. Não deixava de ficar de coração partido ao ver a minha Estrela tristinha e cada vez mais, crescia em mim uma vontade de que os irmãos do Afonso tivessem uma relação maior um com o outro. Maior e principalmente melhor. Sim, porque se continuasse a ser esse o único contato entre os dois ( verem-se nas entregas do irmão aos fins de semana), sentia que não estava a ajudá-los a criarem a identidade certa um do outro. Era algo que andava mna minha cabeça há um tempo. E nas converesas com ambos os pais... tinha receio que a Matilde começasse a sentir ciúmes, vazio, porque a indifinição do que é o "outro lado", o lado do "pai dele" ( como diz a Matita) já se via que lhe começava a fazer confusão... E por isso... este fim de semana.. ela foi para lá! Siga!!

 

Pois bem, antes do "big event" conversámos todos os pais ( sim, porque no fundo, são 4, aqui, os envolvidos e "cada cabeça com sua sentença") e decidimos fazer a experiência. A mana de cá foi conhecer o mano de lá e passar uma noite e um dia na casa do pai do Afonso. E nem vos conto a felicidade de todos ! O Afonso Luz, então, nem cabia em si de contente. Quando lhe disse que a mana ia com ele para casa do pai João, disse-me em extâse: " A mana vai para casa do meu pai, a primeira vez!! E vai dormir comigo e com o mano Filipe! Uau! Boa mãe, boa!!" E nem vos conto também  como a sua reação me encheu o coração e o orgulho que sinto em saber que vou, assim conseguindo, fazer um caminho que nem imaginei existir, mas que me vai fazendo cada vez mais sentido....

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 E assim foi ela de mochilinha já feita para a noite, para a escola, na sexta feira,eu lá avisei as auxiliares e professoras que não estranhassem que o pai do Afonso levasse ambos esse dia, que assim tinha sido decidido por todos. E lá aconteceu então tudo, da forma mais natural possível. A mulher do João, a Vânia também tem um coração grande e recebeu em sua casa a minha menina. E em vez de uma criança ( no fundo só tem um filho..)... aturou três essa noite e esse dia... e pelo que sei, correu muito bem.

 

Ficou a vontade para repetir e tenho a certeza que os miúdos também e quem sabe um dia destes não sou eu a receber em minha casa o mano Filipe, sabendo que então aí... os brilho nos olhos do meu filho seria ainda maior. A ver vamos. Um passo de cada vez. Mas o primeiro já foi dado e com ele muita satisfação entrou nas nossas vidas, garanto.

 

E assim se faz, pouco a pouco, o caminho de uma vida. E assim se tomam decisões, que ao parecer gotas pequenas no grande oceano que é o mundo, se tornam enormes na vida familiar de crianças que têm a personalidade em construção.

 

E que bom que será, se ao sentir no futuro que a sua mente aberta, o seu sentimento solidário, o seu viver longe de sentimentos como o preconceito,a raiva, a diferença, o ciúme, a inveja... possam também  ter vindo de uma génese que nós, os pais destes pirralhos, lhes conseguimos ensinar, não só com palavras, mas também com atos.

 

E sabem que mais? Não há mesmo ninguém como um irmão... seja ele meio irmão, irmão "verdadeiro" ou irmão de coração. E esse legado é o que mais lhes desejo deixar.

 

 

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