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Barriga Mendinha

Barriga Mendinha

11.02.13

Como diz uma amiga minha :"A amamentação mexe muito com a cabeça.."

Barriga Mendinha





Ter criado este blog foi das maiores aventuras que tive.. depois da aventura de ter sido mãe, claro. Uma vez...e depois.. duas vezes.

Digo isto, porque para além das peripécias normais da vida, ter que “ alimentar” este espaço virtual diáriamente e de forma coente, faz de mim uma mulher muito mais atenta tanto ao que se passa não só  comigo como com as outras Mães. Faz-me também pensar mais, fazer análises a muitas coisas que, se não fosse por isto, me passariam mais ao lado como ações naturais ou situações mais mundanas.

Sei que a amamentação é “A” questão depois de se ter um bebé. E às vezes, até antes, tal é o receio de que : o leite não suba, de que doa muito, de que encaroçe, de que o leite não seja “ bom “ ou suficiente ( conversa de avó e vizinha chata...), do crescimento das mamas e posterior flacidez das mesmas, de como os nossos homens vão reagir “à coisa”... Sei e já é a segunda vez que passo pela situação,mas na realidade nunca é igual, acreditem.

Apesar de ter já aqui no BARRIGA, publicado dicas e informações muito válidas sobre a amamentação - vejam :  barrigamendinha.clix.pt/2012/07/amamentacao-em-varios-passos.html e barrigamendinha.clix.pt/2012/10/amamentar-ou-nao-claro-que-sim-como.html-, têm-me pedido muitas vezes que escreva sobre a MINHA experiência, sobre como EU vivo e vivi a situação. Sobre o Amor e o desamor do “ dar maminha”..

Sim, Amor e desamor, porque até aí existe um estigma ( e vejo-o muito nos comentários quase críticos de umas mamãs às outras no nosso Facebook quando abordamos o tema ) sobre a Mãe que tem e dá leite e a Mãe que não.

É estranho como em algumas situações, os seres humanos em pleno século XXI, ainda se comportam, mesmo que inconscientemente, como “ selvagens”, “ligados às raízes”, com o preconceito e o legado da tradição que até as mais “ moderninhas” muitas vezes se deixam levar por esses clichés - o instinto " da que alimenta".... O que chamo a " ditadura da amamentação "... Parece que existem Mães de primeira e de segunda, conforme se amamenta ou não, conforme o leite é fraco ou pouco ou se encharca os discos de leite e mais leite...e algumas mulheres entram em profunda frustração.

Falo em Amor e desamor porque ( e isto até eu o sinto..) : É tão bom amamentar sim senhor - o sentimento único de União com o nosso bebé, o calor dele, a estranha sensação fisica do sugar que nos faz sentir imprescindíveis na vida daquela criança, o Amor e  a dependência deles por nós .. porque os alimentamos e “ preparamos” para a vida..mas também existe o reverso da medalha. E que não faz de nós piores pessoas ou sequer más mães ( e sei que muitas se recriminam por estes pensamentos ) - Temos medo das dores ( e muitas vezes elas acontecem e são provações terríveis que as mulheres passam, na minha opinião às vezes até em demasia.. tudo para não deixar o bebé sem a mama da mãe ), temos medo de “ estragar “ o peito. Temos receio da aceitação dos homens ( muitos mete-lhes confusão o leite a sair e sexualmente pode tornar-se complicado ), de não saber lidar com o aumento, em muitos casos exagerado, dos seios...

Depois há a tal “ obcessão” com o “ há ou não leite suficiente”. A culpa. As dúvidas...Falei há uns dias, com uma amiga, que foi mãe há um mês e também ela me pediu para abordar o assunto aqui no blog. Dizia-me ela : “ A amamentação mexe muito com a cabeça”. E mexe mesmo. E só o compreendemos quando passamos pelo processo. Algo tão “ fácil e natural” que se pode tornar um tormento por se desejar tudo tão perfeito, tranquilo, como na cartilha que nos impingem... Basicamente, a vontade de ser “ a Mãe perfeita” que passa por amamentar o seu bebé. E sem dramas.

Digo-vos, por exemplo, que não concordo de todo, com quem, anula o seu sofrimento para poder amamentar. Mastites, bicos do peito feridos, dores horríveis, já ouvi falar em mães que insistem na amamentação mesmo depois de sangrar e rasgar a pele das maminhas ... Acham isso natural? Eu não. Totalmente a favor da amamentação sim, mas não a qualquer custo...

Amamentar claro, mas durante o tempo que a própria Mãe considerar bom para ambos, para ela e para o bebé. Há que ser coerente. Acredito mesmo que a felicidade da Mãe ( ou ao inverso, o seu sofrimento ) passa de grosso modo para a criança. Seja pela maminha ou pela mão que “serve o biberon”... Chamo a isso energia. E isso para mim é mesmo o mais importante...

Hoje, postei uma mensagem no Face em que dava conta da minha gradual passagem do leite da maminha para o 2 mundo" dos leites de suplemento. Mostrei numa foto várias latas de MILKID, o leite que escolhi principalmente porque soube que era o único leite no nosso mercado feito com base nas necessidades alimentares das mulheres portuguesas e consequentemente dos seus bebés.. E realmente a Matilde tem-no aceitado muito bem.

Este post gerou uma série de reações controversas, umas “ solidárias” para comigo, outras críticas e tendenciosas. “ Porquê acho que deixei de ter leite? “, “ Porque não o estimulo?”, “ Porque é que não insisto? “. 

Porquê? Porque não quero, não acho que o tenha que fazer. Principalmente porque não quero fazer desta questão “O” centro da minha Maternidade. Tenho tantas outras coisas em que me centrar também... A Matilde mamou 3 meses e tal (exatamente o mesmo tempo do seu mano Afonso ) e sinto que “ cumpri” o meu papel essencial neste processo. Tanto de uma vez, como na outra, uma semana depois de os ter, já andava a trabalhar. Não porque sou workaholic mas sim porque por circunstâncias da minha vida tenho necessidade de o fazer. Não dá para parar.. no meu meio, as oportunidades não surgem duas vezes... e sinceramente a maioria está-se a “ borrifar “ para o cansaço de teres sido Mãe há pouco tempo... Se não quiseres tu determinado trabalho, acredita que não esperam por ti e há mais 7 cães a um osso à espera de ocupar o lugar que deveria ser teu. E acredito que tudo isso se reprecute no nosso organismo... talvez também por isso a minha " volta a forma " tão rápida também...  ( nem tudo são rosas.. e o cansaço pode fazer isso )..

Tudo isto, esta pressão, esta exaustão, o fato de trabalharmuitas vezes à noite, o ter horários sempre apertados e tudo isso associado a outros tantos problemas pessoais e familiares que para aqui não interessam agora... talvez tenham sido em ambas as situações determinantes no diminuir da quantidade do leitinho. O resto... já vem de mim. No fundo, uma sensação ambígua que já tentei aqui explicar onde por um lado ssinto que devia amentar “ atá dar”..  outra parte de mim, a de mulher- profissional, percebe que ao fazer o desmame pode ser uma forma de não me sentir eu tão presa - nem imaginam o que tem sido gerir o trabalho e a presença da Matita comigo de 3 em 3 horas - e de ela não ser tão dependente de mim...poder ficar nas avós, passear com o pai...

Neste momento, e por isso mesmo  o estar a recorrer ao leite de suplemento, estou a dar maminha de manhã e maminha à noite e isso sim, pretendo fazer até conseguir. O elo que existe entre ambas continuará a existir, a emoção da união entre Mãe e Filha, o Amor que se sente ao alimentar o nosso pequeno Ser manter-se-á... e os anticorpos que o leite materno também... mas não, não vou insistir, beber cerveja preta ou vitaminas estimulantes, andar de médico em médico, marterizar-me com os porques e com os porque nãos...

Comecei a faze-lo porque efetivamente ela, muitas vezes depois de mamar, choramingava e queria mais. Dei-lhe biberon a primeira vez e senti-a consolada... e não.. não começou a rejeitar a mama, como muita gente diz. Cada caso é um caso, mas no nosso ela parece distinguir as coisas lá na sua cabecita, à sua maneira... e a verdade é que agora " adere" a ambas as situações...

Esta questão é mesmo muito importante na vida de uma recente Mãe e da sua “cria”. E é essencial saber gerir na nossa cabeça, nos nossos sentimentos os comentários alheios. Partindo do principio que todas as mães querem o melhor para os seus filhos... quem somos nós para julgar a sua vontade, persistência, estilo de vida?

  A amamentação é maravilhosa para umas, tortuosa para outras. Algumas mães dedicam os primeiros meses ou até anos das vidas dos seus filhos ao papel da Maternidade por completo, se trabalhar fora de casa e por isso mesmo com todo o tempo do mundo para se dedicarem exclusivamente a ele. Outras, tem a vida tão cheia de afazeres, responsabilidades...que este processo acaba por deixar de ser proveitoso mas sim mais um foco de stress... - e não se esqueçam que as crianças mesmo no seu silênciosinho também sentem isso...

Parei agora o texto uma meia hora e voltei... fi-lo, porque fui dar "a maminha da noite".. e que bom! Que consolo para mim e para ela. E neste momento da nossa vidinha carinhosa de mãe e filha...  é nesses momentos tão bons que me focarei ... Achem o que acharem do outro lado. 

E tenho dito! A vida continua, o Amor Incondicional também ..

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